1ºTrimestre 2022

Affordability de imóveis residenciais tem queda de 10,8% no 1º trimestre de 2022

Na média das capitais, o tamanho médio do imóvel que poderia ser financiado passou de 34,6 m² para 30,9 m². Em 12 meses, o recuo é de 17,4%

A parceria entre a Fipe e a ABRAINC – Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias – desenvolveu um conjunto de indicadores inéditos no mercado imobiliário brasileiro, voltados para mensuração do affordability de imóveis residenciais com abrangência nacional. Entre as interpretações usuais na literatura, o termo affordability – aplicado ao mercado imobiliário – relaciona-se à capacidade média de compra ou de financiamento de imóveis residenciais pelas famílias ou, ainda, à relação entre o valor médio dos imóveis e a renda domiciliar média (entre outras possibilidades e interpretações).

Além de quantificar essas relações, as métricas e indicadores propostos colaboram para identificar que fatores que influenciam o aumento ou queda no indicador ao longo do tempo, bem como evidenciar possíveis diferenças existentes entre regiões, segmentos, faixas de renda (entre outros recortes). Na prática, o affordability é resultado da interação entre diferentes agentes e mercados, incluindo entidades governamentais (através de políticas, programas habitacionais, legislação de uso de solo etc.), famílias (agentes demandantes, com alocação de parcela da renda obtida no mercado de trabalho), empresas de construção civil (com papel na expansão da oferta de imóveis) e instituições do sistema financeiro (responsáveis pela oferta de crédito imobiliário e captação de recursos para investimentos).

O informe apresenta dois tipos de indicadores: o tamanho de imóvel acessível e o price-to-income. O primeiro avalia o tamanho do imóvel que pode ser financiado pelas famílias com o comprometimento de até 30% da renda domiciliar (quanto maior a renda alocada para esse fim, maior o affordability medido pelo indicador em m²). Comparativamente o segundo revela quantos anos de renda domiciliar corresponderiam ao valor de um imóvel padrão de 70 m² (quanto maior o número de anos exigidos, menor o affordability por esse indicador). Para o cálculo de ambos, são empregados dados relacionados a taxa de juros e prazo médio do financiamento imobiliário à pessoa física, renda domiciliar total e preços dos imóveis residenciais.

Dada a interrupção na divulgação regular de dados públicos pelo Banco Central do Brasil, os resultados desta edição incluem apenas os indicadores de affordability no 1º trimestre de 2022 relacionados às 16 capitais selecionadas*. A fim de complementar a análise de affordability do mercado imobiliário, o documento inclui também um levantamento do alcance potencial e efetivo do Programa Casa Verde Amarela (CVA), com base em dados de renda das famílias e características das transações e unidades comercializadas nesse segmento ao longo do 1º trimestre de 2022. Os resultados estão disponíveis na parte final do documento.

No 1º trimestre de 2022, as famílias brasileiras residentes nas 16 capitais selecionadas apresentavam uma renda domiciliar suficiente para financiar, em média, um imóvel de 30,9 m², o que corresponde a um declínio de 10,8% do indicador em relação ao último trimestre de 2021, e de 17,4%, no horizonte dos últimos 12 meses (ou seja, comparando-se com o mesmo trimestre de 2021).

Isso significa que a renda das famílias possibilitava a aquisição de um imóvel relativamente menor em comparação às condições observadas em períodos anteriores de referência (isto é, registrou-se uma queda no affordability). Com relação aos indicadores de price-to-income calculados para o 1º trimestre de 2022, o valor médio de um imóvel padrão de 70 m² correspondia a cerca de 7,2 anos de renda domiciliar, na média das 16 capitais avaliadas* – resultado que corresponde a aumento de 3,1% no número de anos necessários, em relação ao último trimestre de 2021, e uma elevação de 1,3% na comparação com o mesmo período de 2021.

Vale lembrar que variações positivas deste indicador representam uma deterioração do affordability, uma vez que são necessários mais anos de renda para adquirir um imóvel de mesmo tamanho. Entre os fatores que continuar a impacta negativamente o affordability, é possível destacar: o aumento das taxas de juros do financiamento imobiliário, a reboque da elevação da taxa básica de juros (SELIC), que encarece o acesso ao financiamento imobiliário e também a atratividade dos imóveis como alternativa de investimento; (ii) o aumento dos preços nominais dos imóveis residenciais; e a (iii) o declínio da renda média das famílias brasileiras. Ao longo do documento, os indicadores são apresentados em diferentes recortes temporais, regionais e de renda, possibilitando uma análise detalhada, histórica e comparada dos indicadores de affordability, bem como a identificação de desigualdades regionais e socioeconômicas (entre diferentes percentis de renda) no acesso da população aos imóveis no país.

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