12 de agosto de 2024
Pesquisadores desenvolveram uma alternativa sustentável que pode servir como opção para substituir o isopor como painel térmico na construção civil. Trata-se do “isopor da Amazônia”, feito com miriti, um material bastante conhecido na região Norte e utilizado principalmente para produção de artesanatos e brinquedos.
O isopor tradicional, conhecido cientificamente como poliestireno expandido não é biodegradável e demora cerca de 400 anos para se decompor. Já o “isopor da Amazônia” é 100% natural.
Três tipos de formação de bloco feitos durante a pesquisa do "isopor da Amazônia". Foto: Arquivo pessoal
O objetivo de Alessandra Batista, engenheira florestal na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e mestra em Recursos Florestais pela Universidade de São Paulo (USP), e Bruno Baldoni, engenheiro florestal, biólogo e doutor em Recursos Florestais pela USP, é diminuir o impacto no meio ambiente, simplificar a produção e mostrar que os painéis térmicos podem ser feitos de material de baixo custo, minimizando o desperdício de matéria-prima.
“Temos o cuidado para trazer a sustentabilidade em todas as etapas do material, desde o processamento até o tipo de cola que vamos utilizar. Queremos agregar a sustentabilidade até o descarte do produto ao longo do tempo”, diz Alessandra.
Também chamada de palmeira de buriti, a planta é conhecida como “árvore da vida”, pois tudo dela pode ser aproveitada. “A palha é utilizada para cobrir casas, a folha central é usada em artesanatos, roupas e redes. Já os frutos são utilizados para alimentação. O caule também é utilizado na construção civil”, diz Bruno Baldoni.
Para Alessandra, é possível agregar ainda mais valor à planta durante a cadeia de processamento. “Não queremos que as comunidades vendam o miriti para grandes empresas, mas sim que aprendam a extrair o material e fazer todo o processamento do bloco, para só assim vendê-lo para o setor privado.”
Método de utilização dos pecíolos inteiros. Foto: Arquivo pessoal
Baldoni cita que o material poderia, por exemplo, ser utilizado na construção de casas emergenciais no Rio Grande do Sul após as chuvas que assolaram o Estado. “Conseguimos fazer um bloco que, em vez de perder 50% do material, perdemos praticamente nada e ele ainda acaba tendo uma resistência um pouquinho maior”, disse.
Com a ideia do “isopor da Amazônia” patenteada, o próximo passo dos pesquisadores é conseguir alcançar a produção em escala industrial sem prejuízo ao meio ambiente. “A população ligada à floresta é a primeira coisa que faz com que aquele espaço seja preservado. Então, se elas perceberem o buritizal como uma fonte de renda, vão cuidar com muito carinho porque sabem que é dali que vai ter o sustento. As pessoas destroem o meio ambiente quando elas não têm outra opção. Quando percebem que aquilo está gerando retorno, elas vão preservar”, diz Bruno.
Fonte: Estadão
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