13 de fevereiro de 2023
O planejamento e o desenho urbano estão entre as ferramentas mais eficazes para lidar com as mudanças climáticas. Afinal, é por meio dele que é possível abordar tanto a mitigação dos riscos da crise do clima, quanto se adaptar a uma nova realidade.
A mitigação é de escala global – envolve a redução das emissões de carbono que estão ligadas ao aumento das temperaturas globais. Para isso acontecer, as comunidades terão que agir reduzindo as emissões no dia a dia. O planejamento urbano pode, por exemplo, incentivar o uso de transportes alternativos, utilizando menos combustível fóssil.
A adaptação à mudança climática terá que ser local. As formas e combinações de adaptação são tão variadas quanto as próprias comunidades locais. Nesse ponto, o planejamento urbano é essencial para que as cidades consigam analisar como se adaptar à mudança climática, bairro a bairro, comunidade a comunidade.
Local, local
“O planejamento do uso da terra precisa ser atualizado para responder a um clima em mudança. Isso significa trabalhar com a natureza, envolvendo as comunidades e, principalmente, incluindo as ferramentas necessárias para planejar riscos e incertezas. Os exemplos incluem planejamento de cenários, avaliações de emissão de carbono, design urbano sensível à água na ciência climática mais recente nas decisões diárias sobre uso da terra”, argumentou a professora e pesquisadora de planejamento urbano sustentável da Universisade de Camberra, Barbara Norman, em artigo publicado no The Conversation.
As cidades podem acomodar alguns impactos das mudanças climáticas por meio de uma série de medidas de desenho urbano. Uma das mais simples é apenas plantar árvores, o que reduz os episódios de calor extremo. O impacto de resfriamento de uma única árvore saudável por meio da evaporação e sombra “é equivalente a dez condicionadores de ar do tamanho de uma sala operando 24 horas por dia”, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.
Da mesma forma, telhados de cores claras e asfalto reduzem os impactos das ondas de calor do verão nas cidades. Projetar para pequenos grupos de famílias com conexões sociais, como “bairros de bolso”, também pode criar resiliência às mudanças climáticas.
Edifícios, ruas e espaços públicos podem ser projetados para acomodar inundações com menos danos. Veneza, na Itália, já usa essa estratégia há muito tempo. Nas áreas mais propensas a inundações, o primeiro andar dos edifícios pode ser construído para “tomar banho” periodicamente.
Planejamento urbano e crise climática
Uma das formas iniciais que o planejamento urbano pode impactar positivamente a vida das pessoas é o foco em melhorar a “caminhabilidade”. Ou seja, em fazer espaços caminháveis e facilmente transitáveis nas ruas, o que incentiva que as pessoas deixem os carros de lado.
O efeito urbano no comportamento das pessoas é crucial para ajudar na inflexão da curva da mudança climática. O design urbano na forma de comunidades caminháveis permite uma redução significativa nas emissões de carbono do transporte. O setor de transporte pode representar até 40% da mitigação no nível da comunidade.
O desenho urbano também pode impactar a decisão pelo local de moradia, permitindo que as pessoas escolham tipos de moradia menores e/ou anexos em troca de comodidades do bairro. Caixas menores e anexadas usam menos energia. As estratégias de design urbano também podem reduzir a necessidade de ar-condicionado, uma fonte significativa de emissões de carbono.
Fonte: Habitability
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