10 de maio de 2023
Tijolos de fungos mostram o potencial desses microrganismos na criação de materiais mais eficientes e sustentáveis para a construção civil
Na cerveja, no queijo e em deliciosas receitas com cogumelos, a presença dos fungos é conhecida. Mas de tão diversos e numerosos, os fungos tem seu próprio reino, sendo essenciais em muitos ecossistemas, por desempenharem funções importantes, como decomposição de matéria orgânica e simbiose com plantas, por exemplo. Na construção civil, eles podem ser um aliado para o ganho de eficiência e sustentabilidade, como mostra os tijolos de fungos.
Esse encontro aparentemente inusitado entre fungos e construção civil é possível graças à biotecnologia, uma área da ciência que usa organismos vivos, sistemas biológicos ou seus derivados para criar ou modificar produtos e processos. Entre os principais benefícios da biotecnologia no mercado de engenharia e construção, está a possibilidade de criar materiais que sejam mais eficientes, sustentáveis e baratos. Um deles foi criado, justamente, a partir do uso dos microrganismos do Reino Fungi: um tipo de tijolo sustentável.
Tijolos de fungos apontam para um novo jeito de construir
Estudos feitos a partir do uso dos micélios – a parte vegetativa do fungo, que é uma rede de fibras finas, semelhantes a raízes – mostraram que neles pode estar o caminho contrário ao feito pelas indústrias de aço e concreto, responsáveis pela emissão de cerca de 10% de dióxido de carbono no mundo inteiro.
O “tijolo de fungo” foi desenvolvido pelo micologista americano Philip Ross e surgiu como um novo tipo de material para construção. Quando seco, o tijolo é altamente resistente ao fogo, à água e ao mofo. O micélio, matéria-prima do produto, pode ser cultivado e moldado em vários formatos, além de ser 100% orgânico e compostável.
Reprodução: Pinterest
Uma parceria entre uma empresa especializada em embalagens, que, inclusive, já criou embalagem para computadores da Dell a partir de fungos, a Ecovative, e um grupo de arquitetos experientes em construção sustentável a partir de sistemas biológicos, o The Living, trouxe essa aplicação para a realidade. Em 2014, eles construíram uma torre de 14 metros com 10 mil tijolos de fungos cultivados organicamente, para o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
Chamada Hy-Fi, a torre foi construída com tijolos, de fungos e resíduos da agricultura de milho, que podem ser “cultivados” em apenas cinco dias, sem resíduos, nem emissões de carbono e ainda com a possibilidade de se transformarem em adubo ao final de sua vida útil, contribuindo para a circularidade do planeta.
Fonte: Habitability
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