8 de fevereiro de 2023
A cidade pode ser um ambiente hostil, principalmente para pessoas neurodiversas. A arquitetura inclusiva é uma forma de tornar o espaço mais acolhedor para todos, colocando em foco aquelas pessoas que podem ter necessidades diferentes dos lugares. E isso pode significar um local mais bonito, como mostra a praça Josie Robertson, em Nova York.
Foto: Byrony Roberts
O local recebeu a intervenção da arquiteta Byrony Roberts, que colocou um grupo de mobiliários públicos com tecidos e almofadas macias. Pufes gigantes foram espalhadas em volta da fonte no meio da praça. A organização das almofadas cria uma série de condições sociais e sensoriais, com áreas concentradas para brincar e socializar, além de outras mais privadas para momentos silenciosos.
A praça faz parte do projeto encabeçado pelo WIP Collective, um coletivo de designers feministas norte-americanas que projetam o que chamam de “cidade restaurativa”. Para criar os mobiliários, Roberts entrou em contato com terapeutas ocupacionais e organizações que cuidam de pessoas no espectro autista.
Cidade neurodiversa
Fotos: Byrony Roberts
Além desta praça, Roberts faz parte do movimento “cidade neurodiversa”, que defende a proliferação de espaços públicos voltados para cidadãos que estejam dentro do espectro autista ou que tenham algum tipo de transtorno de atenção, como TDAH. Em entrevista à Fast Company, a arquiteta explicou que texturas e padrões visuais podem ajudar a acalmar pessoas com algum tipo de transtorno de desenvolvimento. No entanto, o excesso de estímulos pode estressar.
“Por isso é importante criar e oferecer escolhas. Muitas não se sentem à vontade nos espaços públicos comuns e precisam de uma gama maior de opções”, disse Roberts. A arquitetura inclusiva nada mais é do que uma mistura de métodos construtivos com design, arte, herança cultural e engajamento comunitário. A ideia é construir espaços que respondam a situações sociais complexas. Como a neuroarquitetura, a modalidade é uma conexão entre a construção e o cérebro humano.
Acolhimento na cidade
Foto: Byrony Roberts
Na Hudson Square, em Nova York, a ideia foi criar um lugar colorido e cheio de pontos de descanso. A estrutura tem uma mistura de materiais, texturas e alturas que permite que as pessoas usem o espaço como bem entenderem. O local também é dividido em zonas para usos focados, energéticos ou calmantes. “Estamos interessados nessa questão da sensibilidade sensorial, que não é bem abordada no projeto de espaços públicos”, disse Roberts ao Curbed, referindo-se ao som, toque e atividade.
O WIP Collective, que também inclui Abby Coover, Elsa Ponce, Ryan Brooke Thomas, Sera Ghadaki e Sonya Gimon, estava interessado em encontrar maneiras de dar mais variedade ao espaço público e tornar a cidade mais agradável para mais pessoas. “O que descobrimos em nossa pesquisa ao conversar com defensores e autodefensores [do autismo] é que você está em um espaço público muito ativo, barulhento e opressor – como um playground ou Times Square – ou em uma praça vazia, que é pouco estimulante”, disse Lindsay Harkema, fundadora do coletivo, em entrevista ao Curbed.
É a hora da arquitetura inclusiva
A pergunta que a arquitetura inclusiva faz é ao mesmo tempo simples e complexa: como as ruas podem apoiar usos sociais e não apenas infraestruturais?
“Meu trabalho é parte de uma mudança de uma ideia universal do público para uma exploração de como os espaços públicos podem suportar uma gama diversificada de experiências corporificadas e culturais”, falou Roberts em entrevista ao site do Center for Architecture.
Fonte: Habitability
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