22 de setembro de 2022
Na manhã da quarta-feira (21/09), empresários associados à ABRAINC, ao Secovi-SP e ao SindusCon-SP participaram de reunião de lançamento do Projeto Aliança pela redução de GEE (Gases do Efeito Estufa) no setor de construção e incorporação imobiliária.
Na abertura do evento, os presidentes das entidades ressaltaram a necessidade de as empresas se unirem para produzir inventários individuais de emissão de GEE e participarem dos trabalhos para a definição das metas setoriais, e para definir os Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas, medida a ser cumprida por diversos setores da economia com base no Decreto Federal 11.075, de 19 de maio de 2022.
Ely Wertheim, presidente executivo CEO do Secovi-SP, destacou a importância de aportar recursos para os trabalhos técnicos que subsidiarão o entendimento do perfil de emissões do setor e, a partir daí, estabelecer a meta de redução das emissões de CO2.
“Temos de nos mobilizar para evitar que essa meta seja arbitrada pelo governo. O momento é de nos unirmos com o propósito de definir e usar o limite correto de emissão. Mas isso tem um custo financeiro.”
O presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, destacou a relevância do tema, “ainda desconhecido por muitos”, e enfatizou a oportunidade de se criar um ambiente favorável para a definição de dados comparativos de ESG no setor da construção e incorporação imobiliária.
“Isso é bom para a empresa, o Brasil e o mundo.”
Por sua vez, Luiz França, presidente da ABRAINC, lembrou das dificuldades de os bancos tratarem do assunto e criarem índices de emissão de gases do efeito estufa e, assim, se capacitarem, no passado, para o índice Dow Jones de Sustentabilidade.
“As metas de emissão de CO2 virão de qualquer forma. Por isso, é fundamental mostrarmos para a sociedade o que estamos fazendo para esta e para as próximas gerações. É certo que se não fizermos nada, todo o segmento vai perder.”
Bons exemplos
O empresário Aron Zylberman, diretor executivo do Instituto Cyrela, falou que todo o setor deve lutar contra a imposição de metas tecnocratas, mas também que é preciso traçar metas fortes e realistas de controle de emissão de GEE.
Como a chave da sustentabilidade é a energia, conforme Zylberman, a regra nasce da descoberta de onde vem essa energia, para se definir a matriz energética limpa. “E isso tudo tem um custo financeiro alto, porque estamos falando de gestão de risco. Neste momento, temos de mudar radicalmente o pensamento, e em um curto espaço de tempo”, ressaltou.
Zylberman falou, ainda, que as empresas que integrarem a aliança, além da possibilidade do aprendizado e de trazer as particularidades de seus negócios, terão o protagonismo nas discussões para a definição das metas de redução das emissões do setor. “Apesar do alto investimento necessário, esse tema é coletivo. E o custo de não fazer é brutal”, disse, mostrando-se animado com a iniciativa das três entidades.
Rodrigo Von, diretor presidente da Plano e Plano e coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP, falou da importância da plataforma gratuita CECarbon, Calculadora de Consumo Energético e Emissões de Carbono para a Construção Civil. Esta ferramenta desenvolvida pelo SindusCon-SP, a agência alemã GIZ e a Secretaria Nacional da Habitação contribui com a gestão climática e energética do setor da construção civil, por meio da padronização de métricas de dados entre empresas e demais atores da cadeia produtiva da construção civil e imobiliária.
“Vamos unir as empresas para chegarmos a padrões de emissão do setor. Estamos atrasados com isso”, opinou.
José Luiz Esteves da Fonseca, da MRV&Co, contou a trajetória da empresa que, desde 2015, tem trabalhado na elaboração de inventário de emissão de gases do efeito estufa. De acordo com ele, no cálculo de pegada de carbono, 97% referem-se aos materiais cimento, aço e concreto.
O exemplo da Tegra foi apresentado por Angel Ibanez, diretor de Suprimentos da empresa. Ele explicou que a companhia iniciou os trabalhos de cálculo de emissão de GEE em 2019 e, em 2020, fez o primeiro inventário da empresa. “Descobrimos que o maior impacto também está na cadeia de fornecedores”, disse.
Para ele, a sigla ESG significa risco, reputação e rentabilidade. Além disso, empresas “verdes” terão vantagem no momento de obter financiamento bancário para a produção de novos empreendimentos.
Vladimir Iszlaji, diretor de Desenvolvimento Urbano da ABRAINC, apresentou o plano de trabalho elaborado pelas entidades, que consiste, basicamente, na contratação de empresa de consultoria, que será responsável por consolidar os indicadores de emissões de GEE do setor, no incremento da ferramenta CECarbon.
O projeto prevê, ainda, a realização de seminários, cursos, workshops e webinars para orientar acerca da realização dos inventários e promover a adoção de soluções para reduzir e mitigar a emissão de GEE; também, desenvolver um plano de comunicação para dar transparência às ações realizadas pelas empresas participantes, além de ampliar o debate junto ao governo.
“Queremos ter, no mínimo, a adesão de 60 empresas do setor, para se chegar a uma amostragem considerável. O ideal, contudo, é conseguir reunir as 120 empresas convidadas neste primeiro momento”, destacou o diretor da ABRAINC.
Francisco Vasconcellos, vice-presidente do SindusCon-SP, e Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP, ressaltaram que o projeto busca fomentar o caminho das empresas do setor rumo à uma economia de baixo carbono, e divulgar, de forma estruturada e periódica, as ações decorrentes desse trabalho, demonstrando a proatividade do setor em relação ao tema “mudanças climáticas”.
Próximos passos
Agora, ABRAINC, Secovi-SP e SindusCon-SP reiteram o convite às construtoras e incorporadoras integrarem a Aliança de Redução de Gases de Efeito Estuda do Setor da Construção e Incorporação Imobiliária. Confira maiores detalhes desse Projeto.
As empresas interessadas devem entrar em contato com as entidades pelos e-mails:
abrainc@abrainc.org.br / esg@secovi.com.br / comasp@sindusconsp.com.br
Conheça a calculadora CECarbon e faça o curso on-line do SindusCon-SP, que ensina a usar a ferramenta.
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