21 de julho de 2022
Também conhecida como construção pré-fabricada, a construção modular transforma o canteiro da obra em um espaço de montagem, uma vez que padroniza parte das casas e dos prédios em módulos, transportados e encaixados para formar o edifício. Assim, em vez de usar a matéria-prima para levantar a casa ou o prédio, os trabalhadores montam as partes que já foram previamente fabricadas. Por isso, alguns chamam a construção modular de “construção offsite”, ou seja, feita fora do local da obra. O tipo de módulo mais conhecido é o que utiliza madeira, mas eles podem ser feitos em vidro, aço ou concreto. Segundo a Terracotta Ventures, as startups brasileiras de moradia modular prezam pelo uso de aço (64,8%), madeira (22,2%) e concreto (7,4%), mas é esperado que novos materiais surjam no processo de inovação. Assim como a diversidade de formatos, existem várias técnicas de construção modular. As duas mais conhecidas são as modulares volumétricas e as construções em painéis. A primeira é quando espaços inteiros, como salas ou casas, são construídos fora do ambiente da construção e transportados para a montagem. Já nas construções em painéis apenas as paredes do edifício são produzidas fora do canteiro. “As obras podem se aproximar de uma linha de montagem por meio de tecnologia”, comenta o fundador da construtech brasileira Ambar Bruno Balbinot, em entrevista à Infomoney.
Exemplos de construção modular
Quando se fala em construção modular, normalmente, a primeira imagem que vem à mente é daquelas pequenas casas feitas de container ou de madeira, que se espalham pelo Airbnb. No entanto, os exemplos de construção offsite vão muito além. Na China, um exemplo é o J57 Mini Sky City, prédio de 57 andares construído em apenas 19 dias com os módulos pré-fabricados de aço e vidro. O empreendimento é a prova de que a construção modular também pode ser usada para arranha-céus.
Divulgação – J57 Mini Sky City
[/caption] No Brasil, o anexo do Hospital Municipal M’Boi Mirim, em São Paulo, foi um tipo de construção modular levantada em 33 dias. O Centro de Treinamento do Vasco também utiliza espaços modulares.
Vantagens da construção modular
A característica “offsite” da construção modular é um fator crucial para entender as suas vantagens para o setor como um todo. Como as partes da casa são construídas em outro lugar, várias etapas da edificação podem ser feitas simultaneamente. É possível, por exemplo, construir paredes e teto ao mesmo tempo. E mais: sem precisar preparar o terreno da obra. Consequentemente, o processo viabiliza uma redução significativa de duração da obra que, em alguns casos, pode chegar a ser de 60% a menos que o tempo médio de uma obra em um método construtivo convencional. A consultoria McKinsey projeta que o ganho em produtividade que o setor da construção pode ter com a adoção das técnicas modulares pode estar entre 5 e 10 vezes.
Outra vantagem é o melhor aproveitamento da matéria-prima, sem desperdício de material, já que parte significativa da obra é feita em ambientes parametrizados, resultando em economia nas duas pontas. A estimativa da Ambar é de que uma casa popular que custa R$ 70 mil para ser construída, teria uma economia de R$ 13 mil com a técnica modular da construtech. “A entrega de elementos de construção em um ambiente controlado nos permite ‘acertar na primeira vez’. Isso significa que usamos menos materiais, emitimos menos carbono e aumentamos a eficiência. O nível de controle de qualidade e desempenho também nos ajudará a reduzir as emissões operacionais de energia – desde que a instalação e as interfaces com outros negócios estejam corretas”, afirmou o diretor da Sir Robert McAlpine, Simon Richards, no site Raconteur. Por fim, o fato de os módulos poderem ser transportados possibilita a realocação de imóveis com menor custo, o que gera flexibilidade para o terreno, caso ele precise ser alugado sem os módulos, evitando também a perda de parte do investimento.
Modelo também é resposta ao déficit de mão de obra nos EUA
De olho em potencializar a produtividade em um mercado cada vez mais carente de mão de obra, a Resia, incorporadora da MRV&CO nos Estados Unidos, vai investir US$ 32 milhões para construir uma fábrica de “pods” – núcleos que reúnem cômodos completos de apartamentos. Até 2024, a fábrica deve fazer 60% dos pods da empresa, o que trará um ganho de 30% em economia de tempo. Os pods serão compostos de cozinha e banheiro, que já chegam prontos ao canteiro, com todos os revestimentos, equipamentos e ligações de água. Ao contar com fábrica própria, a companhia pode apoiar o crescimento de construções e da demanda esperada no mercado americano.
Mercado mundial
A construção modular não é um mercado novo, mas ganhou tração com o crescimento de tecnologias, como a inteligência artificial e a visão computacional. A capacidade de criar com novos materiais, bem como fazer designs diferentes trouxe um outro olhar ao “pré-fabricado”. De acordo com a Fortune Business Insights, o mercado de construção modular vai chegar a US$ 11,78 bilhões até 2028, um crescimento de 6,1% ao ano.
Fonte: Habitability
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