28 de março de 2024
“Meu desejo é que toda mulher pudesse enfrentar o câncer de mama com todo o apoio que eu tive”, destaca Patricia Valadares, diretora Sênior de Desenvolvimento da GTIS Partners, em entrevista exclusiva à ABRAINC que encerra a 3ª edição da campanha #Mulheres à Obra. No bate-papo, ela fala também sobre início da carreira, busca pela equidade de gênero no setor, emoção na entrega dos projetos e muito mais!
Patricia relata que todo lançamento de produto no mercado que participa a emociona muito. “Andar por novos bairros, por ruas que antes não existiam ali e que eu, de alguma maneira, ajudei a dar forma, é algo indescritível!”.
Sobre busca pela equidade de gênero no setor, a diretora da GTIS Partners diz que existe muito espaço para as mulheres atuarem e elas já são vistas em todo lugar, do canteiro de obras à presidência de construtoras, mas que é necessário avançar ainda mais, para ter pelo menos 50% de mulheres ocupando os cargos no setor, incluindo os de liderança. Na GTIS Partners, Patricia conta que essa meta já foi atingida. “Isso não ocorre por uma determinação ou por um programa formal. Acredito sinceramente que ocorre porque a empresa prioriza a contratação de pessoas competentes para a posição, sem levar em consideração o gênero dessa pessoa. Ou seja, quando o gênero nem é uma questão a ser debatida nessas escolhas, o equilíbrio surge naturalmente. Espero, sinceramente, que no futuro o mundo não precise mais dessa discussão!”
Como recado às mulheres que estão iniciando sua jornada no mercado de trabalho, especialmente no setor da construção, Patricia deixa a seguinte mensagem: “Vamos ocupar nosso espaço! O mundo mudou, esse espaço está lá e ocupá-lo é uma questão de trabalhar com garra e dedicação, estudar muito, se aprimorar sempre e, principalmente, acreditar em você!”
Confira a íntegra da entrevista:
Como você decidiu seguir carreira na construção civil? Houve alguma inspiração em particular?
Quando me formei em arquitetura, meu sonho, assim como o de muitos arquitetos, era o de ter meu próprio escritório de projetos. Minha entrada em uma empresa de incorporação e construção foi quase que por acaso: recém-formada, eu recebi um convite para trabalhar em uma incorporadora mineira que atuava em São Paulo para “ajudar a organizar os projetos da obra”. Aceitei com o objetivo de somar mais uma experiência ao meu humilde currículo da época e simplesmente encontrei a paixão da minha vida: trabalhar em grandes empresas do ramo, nas áreas de incorporação, produto, licenciamento e projetos.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao entrar neste setor?
Tive a oportunidade de começar trabalhando no canteiro de uma grande obra de 11 torres residenciais. Foi como fazer uma faculdade tudo de novo, tamanha a complexidade do projeto.
Mas meu maior desafio profissional foi conciliar um problema clássico do mundo feminino com o trabalho: o câncer de mama. Eu estava trabalhando no maior lançamento de produto da minha carreira quando descobri a doença. Percebi que essa era mais uma questão do universo feminino a ser acomodada pelas empresas e, nesse sentido, tive todo o apoio necessário da minha família e da empresa para continuar trabalhando durante o meu tratamento, que era o que eu queria, mas com a flexibilidade necessária para encarar todo o desafio físico e emocional impostos por um tratamento tão difícil. Meu desejo é que toda mulher pudesse enfrentar o câncer de mama com todo o apoio que eu tive.
Como mulher, qual é sua visão do mercado de trabalho da construção?
O mercado é bastante amplo no segmento da construção. Existe muito espaço para a mulher atuar e já as vemos em todo lugar, do canteiro de obras à presidência de construtoras. Porém, os dados mostram que as mulheres ainda são minoria no setor e existe um caminho a ser trilhado pelas mesmas e pelas empresas, que precisam focar em incentivos e equidade de direitos e oportunidades para mulheres.
Quais são as principais mudanças que você gostaria de ver acontecer no setor para promover a igualdade de gênero?
Sonho com o dia em que seremos pelo menos 50% de mulheres ocupando os cargos no setor, incluindo os de liderança. Apesar dos enormes avanços nesse sentido que vivenciei nos últimos anos, toda vez que participo de um evento C-Level do setor ainda vejo a esmagadora presença masculina nos cargos mais altos. Eu e outras tantas mulheres pavimentamos um caminho que espero que seja percorrido com garra e vontade pelas próximas gerações de mulheres, ampliando cada vez mais suas conquistas num setor visto primordialmente como masculino. Isso depende, também, das empresas colocarem e manterem esse assunto na agenda!
Quais são os momentos mais gratificantes que você teve em sua carreira na construção civil?
Todo lançamento de produto no mercado que participo me emociona, pois entendo o complexo caminho percorrido até chegar nesse momento. Participar do licenciamento, desenvolvimento e lançamento do Jardim das Perdizes (Tecnisa) e do Pátio Central Cambuci (GTIS Partners) foi como cursar um pós-doutorado intenso e gratificante. Andar por novos bairros, por ruas que antes não existiam ali e que eu, de alguma maneira, ajudei a dar forma, é algo indescritível!
Quais são os conselhos que você daria para outras mulheres que estão iniciando sua jornada no mercado de trabalho, especialmente na construção civil?
Vamos ocupar nosso espaço! O mundo mudou, esse espaço está lá e ocupá-lo é uma questão de trabalhar com garra e dedicação, estudar muito, se aprimorar sempre e, principalmente, acreditar em você!
Como você vê o papel das iniciativas e campanhas como "Mulheres à Obra", da ABRAINC, no apoio e empoderamento das mulheres neste setor?
Acho a iniciativa muito importante, uma vez que traz visibilidade às profissionais do setor, incentivando as que estão começando a acreditar no mercado de trabalho na construção civil como algo gratificante e possível. Essa divulgação também ajuda na conscientização por parte das empresas do potencial profissional feminino que está aí, que já é realidade.
Você sente falta de alguma informação/índices que demonstrem melhor a realidade da mulher na construção civil? Se sim, qual?
Sinto falta de divulgação de exemplos de empresas que tiveram sucesso na ampliação de oportunidades para mulheres, para que outras possam seguir. E índices, como o % de mulheres em cargos de liderança, atualizados com frequência, devido à importância do tema.
Sua empresa possui algum programa de incentivo a contratação de mulheres para promoção da equidade de gênero? Podemos contar com sua participação?
A GTIS Partners possui metade do seu quadro de colaboradores ocupado por mulheres, incluindo posições de liderança. Isso não ocorre por uma determinação ou por um programa formal. Acredito sinceramente que ocorre porque a empresa prioriza a contratação de pessoas competentes para a posição, sem levar em consideração o gênero dessa pessoa. Ou seja, quando o gênero nem é uma questão a ser debatida nessas escolhas, o equilíbrio surge naturalmente. Espero, sinceramente, que no futuro o mundo não precise mais dessa discussão!
Redação ABRAINC
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