26 de agosto de 2021
Presidente da ABRAINC debate desafios da recuperação econômica e papel do setor imobiliário com vice-governador de SP e economista-chefe da XP Investimentos
O Portal Bússola/Exame promoveu, nesta quarta-feira (25), uma Live para debater caminhos para a retomada da economia brasileira, os principais desafios que podem interromper o ritmo de crescimento e como superá-los, e o papel do setor imobiliário na recuperação pós-Covid. O evento contou com as presenças de Luiz França, presidente da ABRAINC; Rodrigo Garcia, vice-governador do Estado de São Paulo; e Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. A moderação do debate foi feita por Rafael Lisbôa, diretor da Bússola.
Inflação persistente, desemprego e juros em alta, desarranjo fiscal, seca histórica, crise política e falta de mobilização em torno das reformas estruturantes são alguns dos desafios que precisam ser enfrentados para que a economia volte a crescer de forma vigorosa.
O presidente da ABRAINC, Luiz França, afirmou que o Brasil precisa de estabilidade política e ampliar ainda mais a vacinação para acelerar sua recuperação econômica. Ele elencou a Reforma Administrativa como prioritária e principal medida estruturante, capaz de reduzir o tamanho do Estado e garantir juros baixos a longo prazo.
Sobre a Reforma Tributária, França defendeu uma proposta ampla, com mais tempo para ser discutida, e que não aumente a carga de tributos no país, que já é uma das mais altas do mundo. "Se for feita de forma correta, pode alavancar investimentos e geração de empregos", afirmou.
O presidente da ABRAINC ressaltou o papel fundamental que o setor tem na geração de empregos. De acordo com o CAGED, foram 330 mil vagas de empregos formais criadas nos últimos 12 meses pela Construção.
Ele falou ainda sobre as recentes altas da Selic e o impacto no mercado. "A taxa de juros permanece abaixo de dois dígitos, o que propicia um crescimento para o mercado imobiliário. Com a manutenção dos juros em um dígito a longo prazo, não tenho dúvidas que o setor será um dos motores do crescimento sustentado do Brasil. Existe muita demanda por moradia", disse.
França explicou que o país tem um déficit habitacional de 7,8 milhões de moradias e uma demanda de mais 11 milhões até 2030. "O mercado tem muito espaço para crescer e gerar empregos. Quando a Construção Civil cresce, o Brasil acompanha”, ressaltou.
Rodrigo Garcia, vice-governador de São Paulo, salientou que faltou planejamento ao governo federal no enfrentamento à pandemia. De acordo com ele, é preciso fazer a lição de casa, que inclui controle do gasto público e elencar prioridades, para não “sairmos de uma crise sanitária e entrarmos em uma depressão econômica”.
Garcia falou também que o repasse do orçamento federal aos entes federativos é muito engessado, e acaba limitando o poder dos gestores estaduais de investirem em determinadas áreas que mereçam mais atenção.
Ele explicou ainda sobre o programa Nossa Casa, que promove parcerias entre o Estado, as prefeituras e a iniciativa privada para fomentar a produção de unidades habitacionais em imóveis públicos para as famílias de baixa renda.
Sobre reformas estruturantes, o vice-governador paulista disse que falta apoio político e acha difícil que o governo consiga aprovar algo relevante no último trimestre de 2021, cenário que se repetirá em 2022, ainda mais por ser ano eleitoral.
Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, explicou um pouco sobre o cenário econômico mundial e afirmou que os países em geral têm se recuperado de forma vigorosa dos efeitos da pandemia com investimentos públicos e manutenção de juros baixos.
De acordo com sua análise, o Brasil começou a pisar no freio antes do resto do mundo, com elevação de juros e precisa controlar sua situação fiscal. O risco de escassez e alta dos custos da energia elétrica também podem afetar a retomada, avaliou Megale. Ele também defendeu que a Reforma Administrativa está mais madura e é mais importante do que a Tributária neste momento.
Sobre o panorama geral para a Construção Civil, o economista-chefe da XP disse que o quadro permanece favorável, mas é preciso atenção com a situação fiscal do país para que não aconteça uma elevação dos juros maior que a esperada.
Redação ABRAINC